20081006

SEMPRE ASSIM

Eu tanto procuro os dias mais comuns, simples e sem rumo, feliz na aurora ao amanhecer e na tácita noitinha ao escurecer.
Desdobro-me em andar a passos singelos, realçados em vida sem desafios, de bem com o vento cujo tempo traz-me chuva e, sozinho, sonolento eu durmo.
Eu existo em querer-me assim!
Todavia, ainda não sentei a mesa contigo, discutindo ciúmes por causa de um amigo. Tampouco sorridente em casa me esperaste, depois de um cansado dia, oferecendo-me conforto e abrigo. Nem me olhaste aos olhos fartando-me em um forte brilho da paixão da tua íris.
Eu insisto em altos brados que sou assim!
Deitaste comigo embriagado n'algumas noites, mas jamais senti a luz do quarto se apagando, e teu corpo com açoite clareando meus insanos desejos. Aliás, sequer me lambuzaste com teu batom vermelho ou me deste um beijo com sabor de muitos quereres.
Embora eu insista em pensar, dizer, tentar ou viver, a verdade é que ainda existo assim!
Porém, cônscio estou que assim sempre serei, todo dia e nas longas madrugadas, pois tua voz rouca soluça aflita teus conflitos distanciando-te léguas a fio o teu infinito de mim.
Mesmo que os dias sejam tais, o vento, o mau tempo ou os fenômenos iguais jamais apagarão o teu nome sedimentado nas areias da minha vida. Muito menos a tua imagem esculpida em sonhos tão reais será demolida do que desejam os meus pobres olhos.

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