20081006

CERTOS DIAS DISTANTES

I
Meu corpo em chamas explode a todo o momento.
Suas brasas solidificam rochas no meu peito
que pulsa amores.
Deus, então, diante dos prazeres dos infinitos céus,
agradece por essa energia sedutora que se espalha pelo universo afora.

II
A tal ponto em pensar, a natureza foi absorvida em mim,
deixando-me sem vida própria para nela renascer.
Meus passos vão ao seu encontro de tal modo que meu corpo exala todo o seu suor.
Inspirando o ar que lhe dar vida, meus olhos vêem unicamente o que ela enxerga.
Sou, assim, no todo, só natureza.

III
Sou teu mar, o ar. Tua areia! A teia
Que nivela teus caminhos.
Teu ninho! Sou teu sol, a voz.Tua lua!
Pensando-te pura. Sou teu grão! No chão, senão tua Vida.

IV
São difíceis os tempos que ora me reprimem, na profusão de mistérios e, ao mesmo tempo, certos temores. Cansado estou a esperar, enfim, os dias quase sempre a me tragar, em desejos voltados às asas de um homem que não consegue voar.
Meus olhos estão penosos e cansados tanto quanto os limites da visão frente a esperança. Minha voz, uníssona em único tom de tanto gritar, implora-me mais que a fome. Meus pés, sentindo dores e calejados destes caminhos em todo lugar, saem ao encontro dos ares. Minhas mãos, procurando bem de perto outras quaisquer, aclamam corpos em toques. O cheiro inerente a própria vida, são ventos que trazem aromas de tão longe. Meus sentidos reunidos em em si reprimem a consciência da minha existência, por isto sofro. Me entristece em poder existir agora apenas em poesias e em sonhos.

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