20150525


AQUI BEM PERTO
Contigo eu não convivo,
mas afetiva estás sempre aqui bem perto.
Não a tenho em noite nem em dia,
porém, em vigília, és  meu chão e céu.
Não vejo teus olhos em meu olhar,
e, no entremeio ao meu ar, eu não a sinto.
Pra quem existe pulsando em fulgor,
não importa em vigor estar ou tão longe ficar.
Ao mar nunca mergulhei contigo,
tampouco foste meu abrigo nas noites de vivências soturnas.
Em tua companhia, nem um trago, nem uma dose,
nem ao teu lado eu viajei.
Apenas me maltratei em ti pensar penando.
Viver desertado de ti eu só sei sonhando!
E assim vou caminhando entre mim e
meus pausados dias em meio a multidões.
Ainda que de nada possa eu estar certo,
não estou liberto desta forma de pensar,
já que expressar é a vontade de qualquer vida,
aprisionada ou incontida, mas é libertário sonhar.

MEU TEMPO

Meu tempo
é o tempo que passou.
Meu tempo
é o tempo em que estou.
Meu tempo
é o tempo que virá.
É o que fui, o que sou e o que tudo será!

Há tempos eu fui,
em tempos eu sou e
por tempos hei de ser!

Lá fora escurece,
é mal tempo!
Aqui dentro carece,
é contratempo!
Meu tempo agora,
é passatempo!
O tempo doutrora,
é em tempo!

O tempo terá fim quando meu tempo cessar,
e quando o tempo passar,
tudo será insólita alusão
a esse tempo que é apenas ilusão.

20150411

PULSAR EM MIM

Do expansivo amor, nada ficou,
posto que ele tornou-se acaso e se apequenou.
Dos corredores dos sonhos, nada restou,
já que deles seu pleno mundo se esvaziou.

Diante da bruta razão, surgiu a sensível loucura
pra gozar a vida numa nova aventura.
Em vista da imensa alegria, surgiu apenas a tristeza
pra abrir os olhos a um novo mundo de pureza.

Você deixou de aqui existir
porque o mundo ficou bem pequeno
aos sonhos seus não correspondidos.
Você resolveu deixar pra trás tudo daqui
pra morrer em si e pulsar em mim.