20081118

FLORES E RETRATOS

Eis que, naquele momento, trajei-me de flores,
Como forma ou desejo daí estar presente.
Ao acaso, simplesmente, vivenciei à distância só fervores,
Razão que em si tudo era transparente.

O fato retratou a matéria viva de minh’alma,
Que existe até mesmo em claros sonhos.
O perfume que embora delas se esvaio com calma,
Ainda voltou pela janela recoberto de versos e contos.

Eis que, depois, revesti-me de alguns retratos,
Como forma ou vontade de marcar presença constante.
Disto não espreitei a existência de nenhum hiato,
Que dispersasse meu desejo de vê-la sempre adiante.
OUTROS E EU

Poetas outros versos para brilhar,
Em ditas flores sem vida para se punir.
Cantores outros para afinal musicar,
Em ditados, em canais, sem desejos de existir.

Caminhos de um qualquer são distantes de rumo,
Em estradas muito longas a lugares desnudos.
Mundos aquéns errantes em brumas,
Em faces opacas carentes de cume.

Brilho meu de luzes por ti se acendem,
Fotos, retratos, que não envelhecem com o tempo.
Lágrimas minhas nunca me repreendem,
Pois sou brisa de amores distinta do vento.

Meu mundo em ti avisto em furta cor,
Sou teu poeta, tua flor, no palco da vida, teu cantor.
Tempos, atalhos, tudo passa mas nada me envelhece,
Penso em ti a toda hora, e nada na vida me entristece.